“Homem-Aranha 2” (2004) é um filme perfeito
Sim, você leu certo, um FILME perfeito, não apenas de super-heróis.
No meu primeiro texto aqui no Medium, falei sobre o primeiro filme do Homem-Aranha com Tobey Maguire, e expliquei em detalhes o porquê de eu gostar tanto dele. Enfim, agora trago aqui a minha review sobre sua sequência, “Homem-Aranha 2”. Eu já falei dela há mais de um mês numa review que eu fiz para o Letterboxd. No entanto, irei refazer a fim de trazer mais detalhes e analisar cada um dos filmes desta trilogia maravilhosa (e também porque eu não tava com vontade de postar nada além disso, então é isso aí).
O primeiro filme do Teioso fez um sucesso absurdo, isso não é surpresa para ninguém. Logo foi anunciada sua sequência mais do que certa. Uma curiosidade já um tanto conhecida é que, a princípio, Tobey Maguire poderia não voltar ao papel, pois estava com dor nas costas por causa do seu papel no filme “Alma de Herói”, e ele pediu mais dinheiro para que voltasse. Iriam substituí-lo por Jake Gyllenhaal, porém Tobey voltou.
Antes de começarmos de verdade, quero falar sobre as mudanças no uniforme — sim, teve mudanças — , que foram diversas.
Repare a mudança das lentes, ficando mais triangulares e brilhantes, A cor também foi levemente alterada, com um tom de vermelho diferente. A aranha da frente também foi modificada, sendo excluída totalmente. A aranha das costas do filme original foi trazida para o peito, com certas adaptações. Enfim, vou apenas citar estas. Minha opinião? O uniforme original é melhor, mas ok…
Construindo um herói
O filme começa com uma introdução artística com desenhos do Alex Ross, recapitulando os acontecimentos do longa anterior.
Dois anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, Peter está fazendo bico de faxineiro em um prédio de Nova York… digo, entregador de pizza.
Por causa de tumultos, ele sempre chega atrasado e quase nunca consegue entregar a pizza na hora certa, o que deixa o seu chefe, o senhor Aziz, nada satisfeito.
Você tem que correr 42 quadras em sete minutos e meio, senão vai pra rua.
Vendo que não vai dar tempo usando apenas sua motoca, Pedrinho Prado sai correndo no meio da rua, entra num beco e reaparece como o Homem-Aranha entregador de pizza™, ato que seria referenciado em tudo quanto é lugar depois.
Ele roubou o cara das pizzas!
Lá está ele. Se balançando feito doido para não ser demitido. Então aparecem duas crianças perseguindo uma bola no meio da rua. E tem um caminhão vindo. Peter larga as pizzas em qualquer lugar e salva as crianças.
Por causa desse incidente, ele perde o horário e não consegue entregar as pizzas no tempo certo.
Pizza time!
Bem, então o coitado é demitido.
Bem, daí ele é demitido DE NOVO, só que dessa vez pelo Jameson, pois não anda vendendo fotos do Homem-Aranha.
Ele cede e vende uma foto do Aranha por 300 dólares… mas não cobre o adiantamento que a Betty havia lhe dado, então ele não recebe a grana… é, esse filme não vai pegar leve com ele.
Depois disso tem mais uma cena de desgraça, onde Peter Parker recebe um monte de mochilada na cara, perde a aula do Dr. Connors e é revelado que ele ainda está devendo uma pesquisa, e ainda pode ser reprovado se não entregar. Ele revela que quer escrever sobre o Dr. Otto Octavius.
O filme mostra o impacto das escolhas do protagonista. O Homem-Aranha sai vitorioso, mas o Peter Parker perde. E o contrário também acontece, como poderão ver mais para frente.
O personagem está tão perdido entre as suas duas vidas a um ponto de simplesmente esquecer que está fazendo aniversário. Ele chega na casa da tia May e não entendem por que estão comemorando. Harry e Mary Jane também estão lá, e é mostrado que o cara ainda está P da vida com o Homem-Aranha por ele supostamente ter matado seu pai, e tia May também não gosta do herói. O garoto Osborn diz que pode levar Peter para conhecer Otto Octavius, pois ele está investindo no trabalho do cientista.
Se soubesse quem ele é, contaria para mim?
Peter, como um bom amigo… não fala nada, porque a vida dele ia ficar mais estragada do que já tá.
Depois da festa, ele se encontra com Mary Jane no quintal, espelhando aquela cena que rolou no primeiro filme. M.J. conseguiu um papel importante numa peça e o jovenzinho apaixonado —sim, ele ficou dois anos sofrendo por amor — diz que assistirá no dia seguinte. Ela também revela que está saindo com um cara.
Após essa conversa, temos um diálogo incrível com a tia May, que dá 20 dólares de presente de aniversário para o sobrinho, dinheiro que ela se recusa a ficar, mesmo não podendo pagar o aluguel. É também nesta cena que mostra a saudade que ela tem pelo tio Ben.
Aluguel?
É também neste filme que conhecemos novos personagens que se tornaram eternos nessa franquia, como é o caso do Sr. Ditkovich, que vive cobrando o aluguel atrasado de Peter. Ele pega os 20 dólares do garoto sem ter piedade. Também temos a primeira aparição de sua filha Ursula.
No dia seguinte, conhecemos o Dr. Octavius, apresentado ao Peter por Harry.
Pera, não esse. Esse outro aqui:
Ele está fazendo um projeto de energia barata com o precioso trítio, que logo será devidamente apresentado.
Ele, Peter e sua esposa Rose trocam ideia de amor, ciência e poesia. Otto diz que se guardar algo tão complicado quanto o amor, em segredo, pode ficar doente. O Doutor também afirma que se quiser que uma mulher se apaixone, leia poesia. Também convida Parker para ver o experimento no dia seguinte.
O jovem universitário falido fica lendo poemas numa lavanderia. Assim que termina, ele retira seu uniforme, e também aprende que não se deve misturar roupa colorida com roupa branca.
A cena corta para Peter se vestindo e se preparando para ir à peça de Mary Jane. A música escolhida para o fundo, “Hold On”, retrata muito bem a mensagem do filme. “You tried so hard to be someone that you forgot who you are” (em português: você tentou tanto ser alguém, que você esqueceu quem você é).
O coitado não tem nem dinheiro para pagar um buquê completo.
No meio do caminho, Pedro quase é atropelado por bandidos em fuga. Com um mortal de costas, ele escapa. Duas crianças observam com surpresa, ele dá a desculpa de que treina muito, faz alongamento e come muito legume e verdura.
Logo, surge o Homem-Aranha perseguindo o carro. Ele impede os criminosos de saírem impune, entretanto… chega atrasado e não pode entrar para assistir a peça, sendo barrado pelo Bruce Campbell, que atua de porteiro.
Mary Jane é vista decepcionada enquanto atua, e Peter fica esperando do lado de fora, enquanto ouve uma senhora cantando e tocando a música tema do Homem-Aranha.
Pedrinho Prado, decepcionado, vê Maria Jana beijando o João Jaime Jr., o astronauta filho do J.J.J., que jogou futebol na lua.
Então, ele vê uma perseguição, se veste num beco e vai atrás… e, de repente, não consegue soltar teias, caindo em cima de um prédio. Ele é obrigado a descer de elevador.
Esse drama da perda dos poderes é uma das melhore coisas do filme. Ele não está se sentindo bem mentalmente. Tudo dá errado para o personagem. O foco nesse filme não é o Homem-Aranha, é Peter Parker. O ser-humano Peter Parker. O jovem com contas atrasadas, que vê o amor de sua vida com outra pessoa e que carrega o peso pela morte do tio.
Poucas adaptações conseguiram, de fato, trazer o verdadeiro Homem-Aranha. As três melhores, na minha opinião, são a do jogo do PS4, do desenho de 2008 e a da trilogia. Estas versões têm algo comum: estabelecem com clareza de que o protagonista é o Peter Parker. Ele que é o Homem-Aranha clássico. E é isso que define o personagem. Sua humanidade.
Eu sou o Homem-Aranha. Loucura, né?
Como se não bastasse isso, “Homem-Aranha 2” consegue ser um filme perfeito. Não apenas um longa de super-herói, ele também é uma obra feita com o coração e cuidado, com o objetivo de ser algo bom. Algo que todos podem aproveitar e curtir. Diria que é atemporal, apenas por sua mensagem.
Isso tudo é muito bem construído quando vemos sua relação com a Mary Jane. Ele liga para ela com desculpas do por que ter faltado na peça… ele até cogita revelar seu segredo, só que não adianta.
No mesmo dia, acontece o experimento com o precioso trítio™. Harry e Peter estão presentes. Otto introduz seus assistentes: os braços.
O poder do Sol na palma da minha mão
Tudo acaba dando errado e o experimento sai do controle, já que ocorrera um erro de cálculo. O Aranha entra em ação, salva Harry, mas o Osborn ainda está pistola com ele.
Após o desastre do trítio, que acarreta na morte de sua esposa, porque Octavius impediu o Homem-Aranha de desligar a máquina antes de uma fatalidade, surge o vilão do filme: Doutor Octopus.
Controlado por seus braços mecânicos com inteligências artificiais de alto nível, pois seu chip inibidor foi queimado, ele tem o cruel objetivo de terminar seu trabalho, não importa quantos morram para isso.
Enquanto isso rola, Peter Parker é demitido e recontratado mais uma vez pelo J.J., pois vai ter uma festa num planetário e ele vai ser o fotógrafo. Ele pede um aumento, mas Jameson recusa com sua clássica risada.
Enfim chega a cena do banco. Peter e May estão resolvendo algum problema de dinheiro — para variar — , e o Ock tenta roubar. O sobrinho deixa sua tia e vai se vestir de Homem-Aranha.
O Doutor Estranho… digo, Octopus, começa a roubar… sacos de moedas? MOEDAS!? QUE RAIO DE BANCO É ESSE QUE GUARDA O DINHEIRO EM MOEDAS!?
Olha o troco!
Ele luta com o Homem-Aranha, que faz algumas piadinhas e tem sua teia falhando pela segunda vez no filme.
Otto sequestra a tia May, levando-a para o alto do prédio — se fosse na vida real, a velha já teria um infarto — , porém o Homem-Aranha vai ajudar! Tá certo que ele quase quebra a coluna dela por causa da teia…
Enfim, tá tendo a briga, né? A trilha do Danny Elfman tá on-fire aqui e simplesmente não deixa a desejar. Usando um estilingue de teia para ir de um prédio ao outro, o Teioso quase morre se não fosse pela tia May, que dá uma na cara do vilão.
Ele salva a titia, ela muda de opinião sobre o Aranha e ele vai embora. Muitos teorizam que, nesse momento, a tia May descobriu que Peter é o Homem-Aranha. E faz sentido, sendo bem sincero.
Chegamos na cena da festa no planetário. O garoto não consegue se desculpar com Mary Jane, tem que ficar tirando quinhentas foto para o velho Jameson, o Harry dá tapas na cara dele, pois Peter defende o Homem-Aranha; o cara é tão azarado que não consegue pegar nenhuma bebida ou comida na festa. E ainda termina a noite com chave de desgraça vendo que a M.J. vai se casar com o filho do chefe dele.
Homem-Aranha nunca mais
Esse é o ponto mais baixo dele nesse filme. Ele tá tão acabado, mas tão acabado que… os poderes dele somem mais ainda. Enquanto se balança, cai num beco, porque a teia dele parou de funcionar de novo. Ele tenta escalar uma parede e não consegue; tenta ler um jornal e mal enxerga algo, pois sua visão voltou a falhar.
Octavius continua reconstruindo sua máquina e Peter visita um médico. Tudo dá a entender que é só um problema psicológico. O doutor afirma que todos temos uma escolha.
Ele se vê falando com o tio Ben e nega o manto de Homem-Aranha.
Eu sou só o Peter Parker… não serei o Homem-Aranha. Nunca mais.
Uma montagem feliz começa, com Pedro levando uma vida normal e feliz, sem ter que se preocupar com o Homem-Aranha. Durante esses acontecimentos, Jameson recebe a roupa e publica o furo do século: “Homem-Aranha: Nunca Mais”.
O índice de crimes aumenta, pois a cidade está sem um Homem-Aranha. Peter tenta aproveitar a vida, voltando a tirar notas boas na universidade. Também vai à peça de Mary Jane e tenta ficar com ela… mas a garota não pode, pois está comprometida. Ele afirma que está diferente. Ela concorda.
Em um chá com tia May, revela que é o responsável pela morte do tio Ben, pois deixou um bandido escapar… e não estava na biblioteca, na verdade tentava ganhar dinheiro.
Eu sou o responsável.
Ela o deixa e se tranca no quarto.
Também vemos Peter sentindo remorso por não ajudar um homem sendo roubado. O que mostra o seu conflito interno.
Otto termina de reconstruir a máquina, agora só precisa do precioso trítio. Para isso, obriga Harry Osborn a dar o tão falado… o riquinho aceita, desde que Octavius entregue o Homem-Aranha a ele. Também o avisa que Parker tira fotos do Homem-Aranha e que ele saberia onde o Teioso está, mas fala para não machucar o Peter — coisa que o Octopus faz.
A cena seguinte apresenta Peter salvando uma criança num prédio em chamas, porém sem poderes, o que impede de salvar outra pessoa que estava presa no lugar em chamas. Ele não sabe o que ser. Ele se questiona se não pode ter o que quer. Algo que depois é deixado bem claro por uma frase da tia May: “Às vezes, para fazer o que certo, precisamos desistir do que mais queremos. Até dos nossos sonhos”. Isso molda o personagem e o faz querer voltar de ver, principalmente por ver a decepção do garoto Henry Jackman.
Tenho que me concentrar no que quero.
Determinado a voltar a ser o Homem-Aranha, Peter Parker pula de um prédio na esperança de recuperar os poderes, numa das cenas mais icônicas do filme… não funciona. Ele cai e se quebra inteiro.
Temos uma cena com Mary Jane beijando John Jameson Jr., e vemos que ela não se sente atraída por ele. Então chama Peter para tomar um café.
Ele diz que achava que podia ficar com ela, mas não pode. M.J. pede um beijo, só que antes que rolasse algo, Doutor Octopus arremessa um carro nos dois (correndo o risco de matar o Peter). Salvos pelo sentido-aranha, que voltou na hora certa, pois o Homem-Aranha abandonou seu desejo e se dispôs a fazer o certo.
Ache [o Homem-Aranha] ou eu a esfolo até os ossos.
Seguimos para as duas melhores cenas do filme. O protagonista recupera os poderes e está determinado a impedir o Doutor Octavius.
Todos estão desesperançosos. J.J.J. afirma que o Homem-Aranha era um herói, e que a culpa de seu sumiço era dele. Então ouvimos uma teia… ele voltou.
Ele é… UM LADRÃO! CRIMINOSO!
O HOMEM-ARANHA VOLTOU!
Temos a clássica luta no trem e o Aranha salvando todo mundo, pois o Ock destruiu os freios. Ele tira a máscara queimada e todos acabam vendo seu rosto.
Curiosidade: cientistas já provaram que, se o Homem-Aranha existisse na vida real, ele poderia parar o trem, mesmo!
Todos no trem estão gratos,
e dois garotos devolvem a máscara do herói.
Que bom que você voltou, Homem-Aranha.
Tudo parece tranquilo, mas Ock aparece, desmaia Peter e o leva a Harry. Ele está com o trítio de novo e com muito mais.
Quando Osborn se prepara para matar o Aranha, ele retira sua máscara e descobre que é seu melhor amigo.
Peter… você matou meu pai.
O herói pergunta onde Otto está, para poder impedi-lo. Isso o leva para um píer abandonado.
Ele luta com Octavius e resgata Mary Jane. A fim de impedir o vilão, revela sua identidade e usa o discurso da tia May, motivando a redenção do inimigo, que empurra o seu maior sonho para o mar, morrendo junto... quer dizer, isso até Spider-Man: No Way Home.
Peter Parker… brilhante, mas preguiçoso!
Mary Jane descobre o segredo de seu amigo… ela quer ficar com ele, mas Pedrinho a rejeita — mostrando que ele é o que mais enrola o relacionamento nessa franquia.
No entanto, ela fura o casamento e vai até o apartamento dele, dizendo que pode escolher também. O filme termina com o balanço de teias clássico, seguido por uma cara de preocupação da mulher.
Esse final eu resumi bastante. Admito que foi preguiça mesmo, porém isso não diminui a qualidade do filme — apenas a dessa review.
Essa obra entende o personagem, entende a humanidade dele. É feito com carinho e importante para muita gente. Temos muito mais tempo com Peter Parker do que com o Homem-Aranha. Ele é a verdadeira estrela. Alguém que sempre quer fazer a coisa certa. Além disso, o ritmo dele, sua fotografia, trilha-sonora e direção, fazem dele um filme incrível mesmo para quem não é fã de super-heróis.
Então… o que você tá esperando? VAI ASSISTIR, AGORA! (assista a trilogia inteira, na verdade hehehe). E que venha No Way Home!
Enfim, é isso. Espero que tenham gostado desse texto. Foi, sem dúvidas, meu maior aqui no Medium. Comentem o que acharam e até mais!