Nada demais aqui
Um texto que escrevi há quase cinco anos e postei no Wattpad. Evoluí bastante desde então. Levemente revisado.
Era outubro de 19--
— Ei, calma aí, o que você tá fazendo?
Narrando, eu sou o narrador, oras. Esta é a minha função, não há nada demais em segui-la!
— Mas quem disse que você pode sair narrando as coisas sem pedir minha autorização? Eu sou o autor desta história, logo, exijo que você pare imediatamente!
Não! Eu não sou obrigado a não fazer nada! Quem disse que você pode mandar na minha vida?
— Vida? Você é apenas uma parte de uma história, se é que isso pode ser chamado de história. Parece até que foi um louco que fugiu de hospício e tá no controle! Oras, parece até que nem foi um paciente, e sim o médico! Olha como é a letra do indivíduo nesta capa!
Eis que uma figura estranha, com um guarda-chuva e manga comprida, cerca de-
— Ei, eu só tô aqui porque falaram que seria legal! Eu não tenho nada de misterioso, eu sou o Personagem 1, carambolas! — Reclamou o-- — Calma aí, deixa eu terminar! A história precisa de um drama, uma ação, romance! É isso que a audiência gosta!
Bem, mas me deixe continuar, certo?
— Nananinanão! Não sem mim! — disse uma outra figura estra-- — Ah, qualé?! Eu sou um parente dele!
— Mas qual seu grau parentesco comigo? — disse o Personagem 1.
— Aí eu já não sei, só falaram que eu ia fazer um personagem chamado Personagem 2 e seria seu parente, mas pelo visto o autor ainda não definiu!
— Sim, não defini porque esta história não era para acontecer! Este ser com a voz do Silvio Luiz se intrometeu e resolveu criar uma história sozinho!
Espera um minuto, eu tinha uma voz? Caramba, agora estou escutando! Como é mágico o poder da imaginação! OLHO NO LANCEEE!
— Certo, mas se não existe história, o que estamos fazendo aqui? Qual o sentido de estarmos num lugar vazio, literalmente uma página em branco apenas com letras para alguém do lado de fora interpretar? — Questionou o Personagem 2
— Acredito que pelo mesmo motivo das coisas terem nomes. Por que um cadeira se chama "cadeira"? Por que alguém definiu assim? Porque sim! Vocês não têm nomes, mas eu poderia dar um nome, mas por quê? Pois se algo não tem nome, não tem como nos referirmos. Mas a verdade é que vocês têm nomes, Personagem 1 e Personagem 2! — disse o Autor.
— Quais são, então? — Os dois falaram ao mesmo tempo.
— Personagem 1 e Personagem 2, oras! Afinal, se vocês não tivessem, não teria como essa história acontecer!
Espera, então quer dizer que você esteve no comando desde o início, mas só fingiu não estar para levar a história para outro caminho?
— Exatamente, meu caro narrador! Eu sou o autor, eu escrevo, é isso que eu faço!
E qual seu nome?
— Pode ser Stephen King, quem sabe Stan Lee, talvez Elvis Presley, qualquer um pode ser um autor! É só tentar!
Entendo — disse o narrador que agora está narrando.
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